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quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Um pedido de ajuda

outubro 06, 2016 0
 
    Ao me olhar no espelho, forçando um sorriso, sem diferença do habitual, essas pequenas falsidades haviam tomado conta de mim, já era natural, sorrir sem querer, falar sem querer, se importar sem querer, sentindo o peso dos mundo em meus ombros, procrastinando dia a após dia. Parece drama eu sei, sempre parece para quem está de fora, parece falta de esforço, falta de vontade, falta... Sim o que tenho é falta de você, o que mais seria isso, se não saudade?
    Esse amor brincando de solidão. Esse vazio transbordado de você que não está aqui, sem cobranças, mas nesse momento me olhando no espelho vejo apenas um corpo, perdido nas decisões que precisar tomar, na vida que tem que continuar. Continuar? Para quê? Não aguento mais querer fazer as coisas e não ser mais capaz. Parece drama eu sei, fico até com vergonha de escrever, mas como desabafar, se não consigo falar, um milhão de sentimentos tomam conta de mim, e só consigo sentir, sem sorrir, tenho andado confusa, distraída, com medo de amar, de cair, de chorar... Engulo as lágrimas como quem toma um copo da água, mas lágrimas não me acalmam como a água que mamãe trazia nas noites de tempestade
      Paro de chorar, há quem queria estar no meu lugar, conheço todo esse blá, blá, blá, mas as dores de minha alma tem ardido como fogo, e estão me queimando...Me queimando de dentro para fora, me trazendo um desespero sem saída, por favor alguém pode me ajudar? Traga a chuva para me acalmar.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Escuro

julho 11, 2016 1
    
    Um dia me apaixonei pelo escuro,
    sem saber dos seus perigos.
    Sem querer, me viciei no escuro
    e já não conseguia sair de lá
    E um dia me perdi no escuro, 
    e gritei, e pedi socorro e chorei
    Me calei, engasgada, sufocada
    pelo escuro.

   Tentei sair do escuro, 
   mas quando há luz, ele sempre volta
   É difícil respirar, é difícil levantar e pensar.
   É difícil seguir...
   E no escuro tenho ficado, 
   sem janelas, agoniada.
   GRITANDO mudo.
   
  Estou perdida no escuro,
  já não sei como pedir socorro,
  ele me consome, a cada segundo.
  Silêncio, que me ensurdece.
  Amarrada, parada
  Socorro, aq... 

domingo, 12 de junho de 2016

Luto pelo amor

junho 12, 2016 0

   Hoje é dia dos namorados no Brasil, mas hoje, logo hoje, o amor perdeu no mundo. Não a nada o que comemorar, o amor foi baleado, um amor como qualquer outro. Hoje 50 pessoas morreram e pagaram pelo enorme crime de amar.
   Até quando milhares de LGBTs continuaram pagando pelo preconceito, até quando continuarão sentindo medo de amar, se escondendo e mentindo para si mesmos. Até quando o amor será errado, condenado, menosprezado? Eles não tem culpa, não é errado amar, não é errado sentir, o amor não tem sexo, não tem raça e nem nacionalidade, mas o seu ódio sim. Hoje 50 pessoas morreram, 50 amantes, 50 filhos, 50 amigos, acima de tudo 50 pessoas, como eu e como você, foram mortas por amar seus iguais.
   Não tem nada errado em ser lésbica, gay, bi ou trans, mas quer saber o que tem muito, mas muito erro? Seu preconceito. 50 vidas em um mesmo lugar mortas pela mão de uma mesma pessoa, mas quantas são mortas pela sociedade que julga, exclui, diz que não é normal, não aceita, bate, xinga, diz que é contra a bíblia? Esses atos também matam, vidas se perdem por causa do preconceito, preconceito contra o mais puro dos sentimentos.
    Lembro que Deus me ensinou a sempre amar ao próximo como a mim mesma, e assim procuro sempre fazer, me estranha ver tanta gente machucando LGBTs em nome de Deus, palavras doem tanto como socos, e não cabe a sociedade julgar. Deus ensina a aproximar, não excluir, a entender e não apedrejar. Se você pratica qualquer tipo de preconceito, por favor tire o nome de Deus, do meio dessa sua ignorância, você entendeu os ensinamento Dele tudo errado.
    Hoje o amor foi vencido, hoje fomos mais fracos. Hoje estamos de luto pelo amor, amanhã eu continuarei lutando, como todos os dias, uma pequena batalha perdida, mas no fim dessa guerra, o amor vai vencer. Não há culpa em ser diferente, não são escolhas, se nasce assim e não há nada que pode mudar essa forma de amor, mas a muito o que se pode fazer contra a homofobia. A homofobia mata, hoje foram 50 e amanhã, quantos serão?
    EU LUTO PELO AMOR, o que o mundo vai dizer, quando o amor vencer?


"Não importa se é você gay, hétero ou bi
Lésbica, transexual
Estou no caminho certo, menina
Eu nasci para sobreviver
Não importa se você é preto, branco ou pardo
Albina ou oriental
Estou no caminho certo, menina
Eu nasci para ser corajosa"

"Os conservadores acham que é uma escolha
E que você pode ser curado com algum tratamento e religião
Feitos pelo homem, consertando uma pré-disposição, brincando de Deus"

Deixo aqui duas músicas essenciais para essa luta. </3 
   

quarta-feira, 2 de março de 2016

Dia de chuva

março 02, 2016 0

Engoliu as lágrimas enquanto olhava pela janela em uma noite chuvosa. Chovia dentro e chovia fora, uma tempestade em seu coração e a cada trovão fazia-a sentir a solidão se aproximando. Andava de um lado para o outro a procura de uma solução para aquele aperto que a atormentava. Ah como era triste vê-la tão angustiada. Nervosa e descompassada, chorava e chorava, de um comodo a outro da casa, pobre menina já quase não aguentava. No outro dia ainda chuvoso um policial a paisana parou em sua casa, bateu e bateu, chamou e chamou e nada da garota. Preocupados seus parentes ligavam, e os vizinhos a procuravam e quando todos juntos arrombaram sua porta lá estava ela, enforcada em sua angustia, havia literalmente morrido de saudade. Porem sentada ao chão do lado da cama em lagrimas ainda se via o resto de uma menina que um dia já sorriu radiante enquanto dançava feliz a dança do amor.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Rimas sobre ela

fevereiro 23, 2016 0

Olha lá a menina rodopiando e dançando
 com seu vestido florido ao som do amor. 
    Olha lá aquela menina, quem diria, tão apegada a sua solidão, 
ouvia seu blues em meio a escuridão.
    Ah menina, sorria! Logo você que vivia sozinha e não acreditava no amor, 
só via noites sem estrelas e logos dias de calor,
      Agora canta, pula e dança, desafinada e sem coordenação ri dos seus próprios pés,enquanto acelera seu coração.
     Minha doce menina, que grande mulher se tornou, 
meu olhos se enchem de lágrimas quando lembro que me salvou.
      Olha lá aqueles olhos, cheios de calor e de amor, só Deus sabe o quanto sofreu,
 mas olha só, minha menina cresceu
       E aquele sorriso, que egoísta que eras, escondia-o de todos 
mal sabe que agora que é o meu motivo de acordar todo dia. 
       Quem diria minha menina, que eu, que vivia vagando 
fosse a garantia de que você continuasse sonhando. 
         Como foi bom te salvar e te amar e te cuidar e minha menina acredite eu farei isso todo dia. 

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Fórmula Matemática

fevereiro 17, 2016 0
     Cansada e humilhada, todo dia Maria voltava para casa, sentava em seu quarto e com o papel desabafava. Contava da chuva que caia e trazia uma melodia tranquilizante, dos cantos dos pássaros e dos poucos dias que faltava para recomeçar as aulas. Também contava da vida que não andava fácil e dos problemas que as vezes tomavam o seu coração e escureciam sua alma. 
       Pensava, pensava e pensava. Como poderia, que a vida que fora feita para ser vivida tivesse uma fórmula tão difícil para chegar ao fim da equação da felicidade? Realmente, parecia matemática, o coleguinha do lado sempre fazia melhor, chegava ao final e tudo dava certo, feliz ele sorria com sua nota dez e Maria, ah Maria sempre repetia e repetia e reclamava e reprovava e sua alto estima abaixava e Maria chorava, humilhada, fracassada e zerada. 
        Foi um problema quando o calculo ficou tão grande que Maria se sentiu perdida, presa e perdedora. Assim Maria achava que era vida, feito matemática, com as sete cabeças e tudo, um mostro que ataca na escuridão e faz a pobre menina chorar, tão nova e tão cheia de preocupações. Ah vida que vadia sem coração. Frustrada, Maria se esforça, mas volta a chorar, não é melhor em nada, nem no trabalho, nem na escola e nem em matemática, porém de uma coisa tem certeza não está disposta a tentar desistir mais uma vez. 
       Todo dia, levanta a cabeça e pensa em seu amor e ai a formula da felicidade descomplica e com um sorriso no rosto, levanta com coragem e esperança de que o resultado do cálculo, está logo em frente. Não é a mais bonita, nem mais rica, mas com certeza por variadas vezes acreditou ser a mais feliz. Então quando pensa em seus demônios, sorri porque sabe que aos poucos eles podem ir desaparecendo e enfraquecendo. Ela só precisa encontrar seu caminho, nesse labirinto sem fim que é a vida adulta. 
        Maria merece ser feliz, só as vezes não acredita nisso, sorri de leve com medo da escuridão, não quer que isso volte embora as vezes ainda se sinta sufocada, como era uma vez. Mas não se preocupe ela já foi forte uma vez, e agora ela tem muito mais motivos para sorrir do que para chorar e embora esqueça por alguns segundos, quando olha para seu celular, lá está uma mensagem com corações e uma declaração vindo diretamente a resolução dessa formula matemática que é a vida de Maria.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Um homem ao chão

fevereiro 10, 2016 0
     Ao longe ouvi o barulho de tiros. 1...2...3... Foram três. Fechei meus olhos e sem querer, imaginei a cena, teriam os tiros acertado alguém? E se esse alguém fosse apenas um cidadão, no lugar errado e na hora errada? Seria ele homem ou mulher? Teria família ou filhos? 
      Pode ser um pai, que saiu para trabalhar e não vai mais voltar, um pai que ao sair deu um beijo em sua mulher e eu abraço apertado em seu filho. Saiu sorridente, pois ao chegar ao fim do dia ele voltaria para casa com um dinheirinho a mais para se divertir com a família. Ele não vai mais voltar, o sorriso se apagou ao final de três tiros. Três tiros, dois assassinos, um pai de família morto, muitas lágrimas, uma viúva e um menino de quatro anos perguntando por seu pai. Diariamente. Ao final do barulho dos três tiros.
     A viúva chora, ao lado do caixão, o amor de sua vida foi e nunca mais voltará, quando a tampa se fechar, nunca mais poderá tocar em seu marido, no seu amor. Seu filho ao lado não entende o que está acontecendo, e mesmo que saiba que seu pai não vai mais voltar, não entende com é e só os dias longe do seu herói vão lhe mostrar o quanto dói. Tiraram o direito de uma criança de ter seu pai. Chegará o primeiro dia de aula, o dia dos pais e o dia das crianças. Ninguém pensou nisso quando disparou aquela arma contra aquela família, a mãe, o pai, o irmão, a esposa e o filho. Três tiros, uma família inteira desmoronada.
      Uma mulher jovem, com um filho no colo, terá que trabalhar por dois, ensinar por dois, e cuidar por dois, terá que ser forte e cuidar de si mesma, e de seu filho. Ao fim do dia voltará para aquela casa, onde o cheiro dele ainda permanece e deitará cansada em sua cama sozinha e chorará até dormir. Conseguirá dar a volta, é guerreira e forte, mas nunca e nem ninguém poderá acabar com aquela saudade.
      Um menino sem pai, aos poucos vai crescendo e esquecendo, esquece os momentos e depois começa a esquecer o rosto, a voz e o sorriso, se odeia por isso, mas a memória vai ficando fraca, até que só sobra a lembrança, a lembrança de seu amor por seu pai, e de tudo que foi privado, por culpa da criminalidade. Acredite em mim, aqueles três tiros levaram muito mais o que só um homem ao chão. 



domingo, 24 de janeiro de 2016

Sinônimo de Felicidade

janeiro 24, 2016 0
   

 Ele chegou, com aquela calma toda, olhando para os lados e me procurando no meio da multidão no aeroporto. Tantas pessoas, só Deus sabe quem elas estavam esperando, seus pais, amigos, primos, irmãos, e agora que paro para pensar será que mais alguma assim como eu esperava seu amor? Ah o meu amor, lá estava ele, com sua paz e seu jeitinho. 
    Quando me olhou, eu já sabia, eu o amava muito mais agora, a distância já não existia mais, pulei em seus braços e pela primeira vez senti seu corpo no meu, seus lábios nos meus e seu calor. Eu estava completa. Sua voz, seu cheiro, seu carinho, era tudo tão intenso, tão mais do que já cheguei imaginar que seria. 
    Eu me apaixonei mais a cada segundo que estive com ele e tive a certeza que a distância é só um ponto de vista, e que com certeza um de nós havia sido colocado no estado errado por algum erro divino, mas naquele momento tudo se encaixava, nosso amor era verdadeiro e estávamos finalmente juntos. 
    A imensidão de nossos dias os tornaram perfeitos e me fez conhecer um novo tipo de felicidade, um novo tipo de amor, e ainda mais proteção, eu tenho certeza do que somos e do que queremos, mais do que nunca sei que fomos feitos um para outro, e se não durar, me desculpa produção mas as lembranças desses nossos dias sempre vão fazer parte de mim, ele é parte de mim e sempre estará em meu coração, mas mais que isso torço para que sempre queira ficar do meu lado, como protagonista da nossa felicidade. 
   Assim como a chegada a partida foi intensa, ele levou um pedaço de mim para junto dele, mas sei também que deixou um pedaço comigo, porque sinto a presença do meu amor e mesmo a 982km de distancia, sinto que somo um, um em estados diferentes, com famílias e costumes diferentes mas com nosso amor em comum. Ele é sinônimo de felicidade.

domingo, 20 de dezembro de 2015

Girl Power: Eu sou uma mulher, eu posso.

dezembro 20, 2015 0

           Desde que eu era apenas uma garotinha, minha mãe olhava em meus olhos e dizia que um dia eu seria uma mulher, e que os garotos me olhariam de forma diferente. Dizia que eu devia tomar cuidado, e trilhar meus próprios passos, para que eu nunca dependesse de nenhum homem, e para que esse nunca pudesse se achar no direito de me humilhar por eu ser mulher.
           Eu achava isso tudo muito estranho pois, era uma menininha, sonhava em ser a princesa que seria resgatada por um príncipe. Nunca havia pensado que eu mesmo poderia me resgatar. Esse tipo de coisa não acontece nos contos de fadas. Logo achei que isso era alguma estratégia criada pela minha mãe para que eu estudasse e tivesse sucesso, ela queria meu bem estar, e eu sabia disso. Então acolhi seus conselhos com carinho.
            Quando meu corpo começou a se desenvolver, sem eu querer, comecei a esconde-lo atrás de roupas largas. Não queria crescer. Queria apenas continuar jogando futebol na rua com os meninos sem que eles soltassem alguma piadinha sobre meu corpo. Queria voltar a me sentir confortável sendo uma garota. Os jogos aconteciam diariamente, campeonato, atrás de campeonato e eu passei a ser a primeira a ser escolhida pelos times da rua, e talvez ai tenha começado o problema. 
          Conforme fui me destacando a violência passou a acompanhar os meninos que jogavam comigo, assim como esses fazem em jogos oficiais de futebol, eles me empurravam e derrubavam, me chamavam de palavras de baixo calão e no fim do jogo meus joelhos eram os mais machucados, mas também meu saldo de gols eram os maiores. Eu não achava nada de errado nisso, era um jogo e coisas assim acontecem quando se joga um jogo para meninos. Eu deveria me acostumar, era assim que as coisas eram e eu pedia por aquilo, eu nem devia estar ali mesmo. Eu poderia estar brincando de bonecas para treinar como ser mãe mais tarde, mas eu estava na rua, como um moleque. Ia para casa quando já havia escurecido, toda suada, precisando de um banho. 
          Aos poucos as palavras ficaram mais pesadas e os termos usados por eles já não eram  as ofensas usadas nos jogos de futebol quando se quer desestabilizar o adversário. Eles usavam palavras que me desestabilizavam como mulher. Eles começaram a passar a mão em meu corpo e me afastar dos jogos, pois eu era uma mulherzinha e devia achar outra coisa para brincar, algo que fosse apropriado para meninas. Então assim me afastei de todo e qualquer esporte e naquele dia eu entendi o que minha mãe queria me dizer quando eu era apenas uma menininha. Aquilo me encheu de ira. Eu não queria brincar de casinha, não queria brincar de bonecas. Eu gostava de jogar futebol, era isso que eu fazia bem, mas não podia, apenas porque meu corpo era diferente.
            Me dediquei aos livros, e neles descobri que se eu quisesse ser uma princesa eu mesmo devia me resgatar, e devia também me preparar para os dias que viriam a seguir. A vida não seria fácil, não me entenda mal, para ninguém é, independente do gênero, cor ou número que se veste, mas para alguns a vida é ainda mais difícil. Nos livros aprendi a viver outras vidas, e conhecer outros tempos e costumes e foi isso o que mais me chocou e mais me deixou apaixonada. Ter a possibilidade de conhecer a vida antes de mim. Descobri a existência de preconceitos e costumes inexplicáveis e também suas consequências em minha vida. Não se engane, tudo o que temos hoje não vem só do que nós somos ou fomos criados para ser, vem também e principalmente, de pessoas que vieram antes da gente. Eu fui criada para ser uma mulher.
            Ainda não posso dizer que sou uma mulher completa mas sei o que vai significar se um dia chegar a ser uma, eu terei total controle sobre meu corpo, meu dinheiro e minhas ações. Parece um absurdo eu estar falando assim, sobre ter o controle do que já devia ser meu, mas infelizmente, e não só por mim, o meu corpo não é meu. Quando aqueles meninos passaram as mãos em meu corpo, ele não foi meu. Quando um garoto assovia ou me chama de gostosa na rua, o meu corpo não é meu. Quando tenho medo de sair de casa e ser estrupada, o meu corpo não é meu. Quando deixo de usar alguma roupa para não ser chamada de vadia, meu corpo não está sendo meu. Mas se tudo ou algo disso acontecer a responsabilidade é minha, é minha culpa, totalmente minha.
           Descobri que meus direitos e deveres são iguais os de um homem perante a lei, então porque socialmente, ainda recebo salário menor e sou desrespeitada em meu local de trabalho? Se eu posso trabalhar tão pesado quando um homem, se eu posso erguer uma parede e ainda ter um filho, porque ainda me desvalorizam diante de um homem? Porque precisa-se de leis para minha segurança quando tudo que meu marido deve fazer é me respeitar como sua mulher e igual? Não preciso de homem me cuidando ou me sustentando, preciso de um homem me respeitando. Homem e mulher devem se amar e respeitar-se um ao outro, se completar e fazer um do outro seu companheiro. Mulher nenhuma, assim como homem nenhum, precisa de um dono. Esses costume já passaram, me incomoda não ter entrado na cabeça das pessoas, homens e mulheres, ainda.
             Para concluir meu desabafo, gostaria de agradecer a todas as mulheres que lutaram por mim, me deram o direito ao voto, ao trabalho, e a educação e conseguiram minha liberdade. Obrigada mulheres que me fazem ver que sou igual ao um homem, mesmo tendo menos força física posso ser tão inteligente e habilidosa quanto um, assim como esse pode ser tão caprichoso, carinhoso e cuidadoso como eu. Se eu soubesse isso antes, nunca teria largado o futebol.
                      

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

O corpo e a Alma

dezembro 16, 2015 0
    Havia um aperto em meu peito. Eu estava presa em uma caixa de vidro. A caixa de vidro estava em um quarto escuro. Eu estava sem chance alguma de sair. 
    A cada minuto minha respiração ficava mais pesada e me fazia sentir como se não tivesse mais lugar para mim dentro do meu próprio corpo. Eu estava me perdendo por falta de espaço. Então gritei a todo pulmão e ninguém podia ouvir-me, bati no vidro e tentei voltar para dentro de mim, mas meu corpo já não se encaixava mais, eu havia mudado de forma e textura. 
    Nos dias em que se seguiram, enquanto estava trancada fiquei observando o que costumava ser eu caída a meu lado, me trazendo calafrios, medos e uma tempestade de incertezas. Eu tentava sair, gritava, chutava e me jogava contra as paredes da caixa. Eram tão sólidas e as batidas de minha alma contra o vidro, abriam feridas no que restara de mim.  
    Mais alguns dias se passaram e minha antiga carne entrou em estado de decomposição e naquele momento, quando o cheiro de morte começou a se espalhar uma certeza se iluminou em minha cabeça. Eu iria morrer. Eu queria morrer. Toda vez que eu pensava em como sair da caixa, eu pensava em uma maneira de morrer, e cada vez que pensava na morte, uma paz imensa se aconchegava em meu peito, quase como se minha vida fosse começar depois que eu morresse. Com o tempo a morte passou a ser minha melhor amiga, pois embora, ela se rejeitasse a me levar de uma única vez, todo dia ela voltava e me fazia companhia, me contava histórias e ao fim de nosso encontro, levava um pedaço de minha alma. A morte fazia parte de mim agora, eu respirava, transpirava e cheirava a morte. A caixa de vidro estava cada dia menor e em um dia ela estaria tão pequena que a morte teria de me levar com ela e eu estava contando os segundos. Mas um dia a morte não apareceu. 
     O que apareceu foi outra caixa e em seu interior, com olhos arregalados e um jeito de quem não dormia a dias, ou quem sabe anos, havia um corpo. Parecia maltratado e esquecido de canto, a alma que o habitava, se escondia, mas aos poucos foi saindo para conversar com a minha. A morte parou de me visitar. Eu sentia sua falta, eramos boas amigas, mas o que habitava aquela nova caixa me trazia ainda mais calma e paz do que pensar na morte. Era uma paz boa, do tipo que eu nunca havia sentido e a cada dia que passava mais tempo eu precisava passar com aquele corpo e sua alma tímida. Minhas feridas estavam se curando e sentimentos bons tomaram conta de minha caixa. Eu queria fugir dali e trazer aquele corpo comigo. Eu era alma e ele era o corpo, podíamos se tornar um se ele sentisse o mesmo, mas a distância formada pelos vidros, tornavam nosso amor impossível. Sem perceber estávamos cada vez mais próximos e mesmo sem poder se tocar, já eramos um ser só. A cada dia que passa os nossos vidros vão se rachando, levando o amor de um para o outro e quando finalmente estiverem juntos, sem vidros, estarão completos, o corpo e a alma.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

O Aviso

dezembro 14, 2015 0
    Maria observava a cidade passar diante de seus olhos, através do vidro de um café bem localizado, no centro. Via os carros passar e deixar apenas os rastros de luminosidade dos faróis, estava ficando tarde, e Maria sabia. 
     Era passado das 23 horas e o café estava para fechar, ao ser convidada a se retirar, Maria pagou seu café e sorriu com gentileza, agradeceu pelo atendimento e desejou felicidades ao atendente e disse-lhe para  tomar cuidado ao voltar para sua casa. Confuso e sem saber sobre o que aquela senhora falava, o atendente sorriu de volta e agradeceu, ficou observando a velha Maria ir embora junto com as luzes do estabelecimento. 
      Depois de caminhar por duas quadras, Maria olhou para trás e observou aquele lugar que tanto amava e no qual passou os melhores dias de sua vida, fora lá que conheceu o amor de sua vida, o mesmo lugar onde mais tarde ele pediu-a em casamento. Sorriu mais uma vez, sabia que seria a última vez. Seu marido havia morrido há três anos, no final da  guerra em 1945. Ah se ele estivesse aguentado mais alguns dias. Foi uma das últimas vidas perdidas. Agora Maria sabia, sua hora havia chegado, sem filhos, nem netos, Maria vivia seus dias de uma longa solidão, mas não desistiu, sabia que não devia estar naquele lugar, naquela hora, mas algo dentro de seu coração dizia que ali onde conheceu e amou seu marido, seria também o lugar do reencontro. Estava nervosa e seus olhos cheio de lágrimas, já sentia a presença de seu amor mais perto e quanto devaneava Maria ouviu um grito e ao olhar para trás encontrou o atendente do café, estava sendo assaltado.
      A senhora já não conseguia mais correr como antes pois já estava com seus 45 anos, havia passado dois anos da esperança de vida da época, e as doenças cardíacas estavam consumindo sua saúde. Então sem pensar a senhora foi em direção ao assalto e ao chegar lá piscou para o atendente e levou o dedo aos lábio, pedindo para esse fingir que ela não estava ali. Em silêncio, pegou uma pedra solta da rua e jogou-a na cabeça do assaltante,  pelas costas, deixando- o tonto, dando assim, tempo para o atendente sair correndo em disparada, com um agradecimento desesperado, deixando a velha Maria para trás por pedido da própria. 
      Enquanto corria em direção de sua casa, o jovem pensou em sua família e seus filhos e também pensou em como Maria havia avisado para ele se cuidar ao sair de seu trabalho, e ficou imaginando, como aquela velha sabia de que algo iria acontecer. Ficou pensando no que iria acontecer a pobre velhinha que como um anjo tinha salvado sua vida e junto com ele o sustento de sua família. Ouviu um tiro. Congelou. Correu mais rápido e naquele momento sabia que Maria não tinha mais vida, ele nem pode agradece-la como merecia, correu mais rápido e mais rápido e misturadas ou suor começaram a cair lágrimas salgadas pelo seu rosto, diferente da tristeza amarga que sentia. Quis voltar no tempo e tentar ajudar a senhora, pensou nas pessoas que essa poderia estar deixando para trás e enquanto corria com sua dor e culpa o atendente olhou para o céu pois tinha certeza que era para lá que aquela boa senhora estava indo. 
         Ao olhar para o céu uma brisa suave e quente sobrou em rosto, sentiu-se beijado e naquele momento viu algo incrível, a senhora que fora vitima do cruel crime sorria para ele e ao seu lado estava um senhor, parecia um soldado, os dois sussurraram para o rapaz um agradecimento e juntos de mãos dadas, abriram suas asas e voaram em direção ao céu, para viverem juntos pela eternidade.
         Maria já não pensava ser tarde para nada, pois agora era um anjo. O atendente sabia que fora aquele senhor que alertou Maria para o que aconteceria a ele. Era só um chamado.

sábado, 21 de novembro de 2015

A distância é só um ponto de vista

novembro 21, 2015 0
            "Depois dele tudo ficou melhor". Isso é tudo que tenho a dizer a quem não considera nosso amor, um amor verdadeiro.
             Fechei meu caderno de anotações e perguntei para as paredes de meu quarto escuro, o motivo pelo qual meu amor vale menos que de outras pessoas. "Tive um dia difícil, ando tensa, cansada e preocupada com as provas finais, mas muito feliz porque o grande dia está chegando. Ele logo chega e em fim nossos primeiros toques físicos irão acontecer, depois de todo esse tempo. Como poderia eu chamar apenas de toques quando os mais profundos e intensos toques já foram produzidos através de nossos sentimentos? 
            Mudamos. A paz se instalou em mim e sei que nele também, nos fazemos bem e, ah Deus, se não for para sempre. Nesse momento sei que não importa a distancia, sei que nada na vida é em vão e isso que estou sentindo é a coisa mais linda que já aconteceu. Descobri também que palavras e sentimentos, realmente são muito mais fortes que toques, aprendi a receber carinho de longe, ou numa frase de bom dia. Aprendi a sorrir. Então, porque insistem em dizer que nada vai dar certo quando tudo já está dando? 
           Conheço meus riscos, mas e quem nos julga, conhece os seus próprios? Me desculpa, mas não venha tentar implantar sua verdade na minha cabeça, vivemos num mundo onde cada um tem a sua, seja ela triste, como a da mulher que sofre violência do marido e acredita que está pagando por algo, ou uma feliz, como a minha, que ainda acredita no amor acima de tudo, que aprendeu a acreditar que pode existir amor.
            Eu não sei o dia de amanhã e Deus sabe o tamanho do risco que estou correndo por amar, afinal todo mundo que ama de alguma forma corre riscos. Cada amor tem seu formato e o meu tem 982km de distância e pra não dizer que isso não o torna diferente do amor de quem o julga, posso dizer que ele é muito maior. Aprendemos a confiar um no outro, na forma que muitos casais por ai que vivem juntos, ainda não podem confiar. Ele me faz feliz, ele tirou meus medos, ele foi feito para mim, que ironia essa distância, que me prende no lugar errado, quando meu coração está a 982km daqui."
          Quando acordei desses pensamentos, sorri, e senti as paredes sorrirem de volta. Tudo fez sentido, "cada um tem sua verdade, cabe a você escolher qual é a sua, só você conhece o que te faz ter frio na barriga."

sábado, 14 de novembro de 2015

Para Lucy, com amor.

novembro 14, 2015 0
   Edgar, levantou a cabeça, estava sonolento e sem conseguir raciocinar direito, olhou para os dois lados, na janela a chuva caia, estava escuro, via-se apenas as luzes da madrugada agitada na cidade, olhou o relógio e notou que havia cochilado em cima de seu manuscrito outra vez. Edgar havia feito da penumbra seu conforto e mesmo que gostasse de tira-la como companheira, ficava feliz pelos cochilos repentinos que ocorriam, enquanto tentava voltar a tudo que viveu, e passar para o papel, depois de tantos anos de insonia, pesadelos e medo, ocasionados por aquela noite que agora viraria um livro, e seria passado a outras pessoas em forma de ficção, irreal, velha e impossível. Apenas história.
   Ao olhar no relógio, Edgar decidiu voltar a escrever, era quatro e quinze da madrugada, no dia treze de novembro de dois mil e trinta, quarta-feira. Quinze anos haviam se passado. Há quinze anos - Meu Deus!- ele já não dormia e também já não cantava, tinha pesadelos acordado e sempre achava que era o fim, mas se reerguia por ela, Lucy, sua amada. 
   A quinze anos, nesse dia, Lucy estava grávida, mas Edgar nunca soube, saberia nesta noite, e Lucy receberia um pedido de casamento surpresa, estava tudo planejado, seria lindo. Em meio a multidão Edgar pediria Lucy para ficarem juntos até o fim de suas vidas, mas o pedido nunca aconteceu e o fim da vida de Lucy chegou antes mesmo de Edgar pedir pela chance de acompanhá-la. 
   - Ah Lucy, meu amor, porque diabos eu não te ouvi naquele dia? Se eu te ouvisse mais, eu saberia que o Comptoire Voltaire não era o melhor lugar para uma sexta-feira a noite, mas poxa o momento pedia algo especial minha querida, por favor, me perdoe, pois eu já não posso me perdoar. - Falava Edgar sozinho pela madrugada.
    Edgar, havia sobrevivido aos atentados terroristas que ocorreram na França, naquele dia e lá, na cidade do amor, perderá o seu. Resolveu voltar para o Brasil nos dias posteriores as mortes, Paris já não era a mesma, a cidade tentava se reerguer, mas para ele, agora só restava lembranças ruins do lugar que amou e morou por três anos, O lugar onde encontrou e perdeu o amor da sua vida. 
     Lucy já não estava com ele, Edgar seguiu, assim como todos que viviam na França nesse ano, e perderam seus entes amados, para essa guerra, essa maldita guerra, que devolveu o vazio para a vida de muitos e o suicídio para outros. O pânico e o ódio. A garra de lutar e a desesperança. 
     Porém Edgar não, Edgar estava cheio de Lucy em si mesmo, não se mataria, pois perderia o que sobrara dela nele, não tinha pânico e nem ódio, não pensava em lutar, estava delirante e já não era o mesmo, ficou doente, e repetia para si mesmo que viveria por ela e pelo filho que ele tanto queria ter, mas acreditava nunca ter passado perto de realizar esse sonho, sem saber da gravidez da amada. Sua vida, passou a ser um reflexo do tiro jogado ao vento, por um terrorista e que acertou o coração de quem mais o amou. Edgar estava sozinho, não queria mas decidiu viver, por Lucy e por todas as outras pessoas que já sofreram assim de alguma forma, seja ela nesses atentados, nos de 11 de setembro, ou passando fome na África, em um terremoto no Japão ou em outra parte do mundo, ou em desastres naturais no tão querido Brasil de Edgar. 
     São milhões de Edgares pelo mundo, e por isso, mesmo sem mais esperanças na humanidade e quinze anos depois, Edgar decidiu relatar sua vida nesse livro, o livro que contava sua história e o seu filme terror, sabendo que existem vários desses filmes por ai, com protagonistas e enredos diferentes, porem com o mesmo sofrimento. 
      O livro se chamava "Para Lucy, com amor" e relatava o quanto é muito mais difícil para quem sobrevive do que para quem morre. Morrer seria a forma mais fácil, mas naquele momento, ele percebeu que precisaria se manter vivo, para não deixar Lucy morrer. Pensando nisso, ele adormeceu novamente, e Lucy que o observava com a mão na barriga, do outro lado do quarto, sorriu para ele uma última vez, acenou e sumiu, havia completado sua missão de guiar Edgar, que tanto a guiou em vida. Edgar, havia finalmente completado o livro.