terça-feira, 29 de março de 2016

Um dia, sem nostalgias

    

   Então enfim chegou o grande o dia, ela penteou seu próprio cabelo e sorriu para o espelho, nostalgia, iria encontrar seu amor. Não era tão comum, mas sabia como seria, um abraço apertado, muitos beijos e carícias para matar a saudade e sorrisos inesperados. 
    Sorriu para si mesma sabia que não seria assim, conhecia bem a estrutura do coração e principalmente sabia a estrutura do próprio coração, que abrangia uma área tão distante e trazia tudo em forma de amor para perto.
     Aí que chegava seu par, de avião pousava direto no peito e como um cúmplice ajudava-a a bombear sangue, duas artérias, que trabalhavam juntas para manter o coração batendo. E bate, e bate, e bate, quando se vêem, acelera, quando se beijam, euforia, e aquele entrelaçar dos corpos nus, ah quanta adrenalina. Quer fugir pela boca, parecido com o ciúme que bate mais forte que o coração e quase desanima, mas então as artérias sorriem uma pra outra e voltam a seu trabalho numa linda sinfonia. Sorriem e dançam, dançam e cantam, cantam e são felizes, quem diria que que fariam de seus poucos dias paraísos particulares, onde o amor é a única regra. 
   É engraçado a descrença que gerou esse amor, os outros não podiam acreditar na linda sintonia que formavam, hora alegres e de infinita felicidade e hora de duras lágrimas de saudade, mas ninguém podia negar, que era bela e pura as batidas desse coração, era quase uma canção produzida pela harpa de um anjo travesso que pulava de nuvem em nuvem, espalhando felicidade pelo céu.
    E aí chegava a despedida, repleta de uma felicidade dolorosa, mas as artérias não partiam sem a certeza de deixarem o coração transbordando de amor, para que esse continuasse batendo forte e apaixonado até a próxima visita, quando poderiam enche-lo novamente. Sorrisos e abraços e a certeza e um até logo próximo com um beijo babado.
    Mais uma vez, ela sorriu para o espelho e balançou a cabeça, quanta metáfora para notar que mesmo não sendo artérias de um coração, são metades de um e juntos se completam e se transbordam e sem essa e nostalgias, clichês ou deja vu, é tudo novidade, porque nesse minuto ela o ama ainda mais do que o anterior, e quando seus dias de diversão acabar e seu "até logo" chegar tudo estará mais intenso, os beijos, as caricias,a a paz, e até a dificuldade de dormir, mas um dia, não haverá mais despedidas, será uma passagem só de ida, e sem nostalgias, estarão completos e assim como naquele coração a única regra será o amor. 

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