terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Amo e não nego... Carnaval


Desde sempre eu fui muito influenciada pelo meu pai a assistir o carnaval, meu pai apaixonado pela festa, via cada transmissão, de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, TODO ANO. Era engraçado, eu não suportava. Na verdade eu não entendia, eu não entendia aquelas pessoas que se dedicavam o ano todo por aquilo, não entendia a necessidade das comunidades pobres terem aquelas festas, não entendia a tecnologia, a paixão e a felicidade que o carnaval trazia, mas agora graças a deus, eu sei.

     De alguns anos para cá comecei a prestar a atenção na emoção de algumas pessoas por essa festa, e também no incômodo que ela levava para algumas, no preconceito e desprezo da cultura. Dizer que o Brasil é só Carnaval é bastante minimalista, mas seria incrível se fosse, aquela alegria nas ruas, todos aqueles empregos gerados, a união de culturas, porque me desculpa, mas o carnaval tem muito a ensinar, carnaval é arte das mais significativas e lindas, mas como toda arte há quem não entenda.               
A Escola São Clemente entrou na avenida homenageando as Belas Artes
        Para mim não faz muito sentido que sejam festejadas festas internacionais como St. Patrick’s day, Valentine’s Day, enquanto nosso carnaval é tão desrespeitado e segregado. Acho justo que qualquer festa seja comemorada, seja ela de onde ela for, mas de que adianta incluir outras culturas no nosso dia-a-dia, que as vezes nem sabemos qual o real significado, enquanto cuspimos na nossa cultura, na nossa história, nos nossos ancestrais.

Comissão de frente da escola Paraíso do Tuiuti, com o tema "A escravidão ainda existe

      Analisando enquanto crescia, eu vi que o carnaval não são só bundas como costumam dizer, eu dei uma chance e vi na avenida uma aula de humanidade, empatia, sociologia e história. Seríamos pessoas melhores se dessemos mais chance para nossa cultura sem nem ao menos experimentá-las, afinal o que tem no carnaval não tem em sala de aula nenhuma, no carnaval tem ancestralidade, vivência real de um povo real, que é esquecido durante o resto do ano e criticado por sua cultura. CULTURA não é só o que cada um gosta, cultura é o que da face e leva as pessoas a ter uma crença, uma identidade. Se não gosta, respeite, para muitas pessoas o carnaval é a única alegria, a única luz, o único jeito de ser visto.
   
Beija-Flor deu um show de empatia ao trazer intolerancia como tema "Monstros são aqueles que não  sabem amar"
misturando a literatura de Mary Shelley, com a situação atual do país. 
      De descendência negra e periferica eu sei porque o carnaval é tão segregado no nosso país, sei também que a denúncia contida de cada desfile, incomoda muita gente. Sigamos resistindo, sigamos dando valor ao que é nosso, sigamos respeitando ao próximo e principalmente empatia. Empatia é sempre a palavra chave de tudo.
 

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