sábado, 16 de abril de 2016

Muro das diferenças

    

   O que eu poderia responder para minha filha de quatro anos quando, ela me perguntou para que servia aquele muro? Olhei-a com tristeza e tentei pensar em uma resposta razoável para aquela criança, que teria seu futuro pré- escrito pelas pessoas que amanhã estariam, de um lado ou de outro, defendendo seus ideais. 
    Um venceria, mas qual deles se candidataria para consertar a divisão que causava aquele muro. O muro que trazia a realidade de tudo que eu evitava acreditar estar acontecendo, um muro que representava fisicamente a divisão de uma nação, da minha nação, do futuro da minha pequena menina.  Será que somos assim tão primitivos? Por que é tão difícil dialogar com nossas diferenças? Aquele imagem me doeu o peito e me deixou com a garganta seca. Me desculpe, tenho minhas ideologias, mas isso não paga pela desunião que toda essa cena está causando. 
     E se quando ela crescer, resolver pensar diferente? Não posso impor minhas crenças e lutas a quem acredita em algo diferente, então, ela teria que ficar do lado de lá? Nossos corações seriam separados porque acreditam que nossas divergências não podem ser dialogadas? Por favor alguém me explica, porque parafraseando alguém que escreveu no muro. A política, não é o bem versus o mal. 
      Não me sinto a vontade em ter que engolir todo esse desamor, essa falta de liberdade, essa descivilização e retrocesso da nação do meu amado Brasil. Não somos capazes de respeitar ao próximo? Somos tão preconceituosos e mesquinhos a ponto de enxergarmos no nosso irmão um inimigo que quer destruir o país. 
      Por favor que fiquem os que realmente se importam com o Brasil e esse muro não precisará mais existir, porque quem se importa quer a paz que nosso país sempre teve, a serenidade e a alegria de ter nascido aqui. Eu sempre tive orgulho da minha nacionalidade, sempre amei esse país e me chocava quando as pessoas ao meu redor me chamavam de louca por isso, como não amar a alegria e pacificidade que nos trazia esse país, sem guerras, quase sem desastres naturais e crescendo cada vez mais, rico em tudo o que outros desejam, rico. Mas agora quero chorar, enquanto toda essa tensão acontece a meu redor e me pergunto: Como será na segunda-feira? Pois já não vejo mais união aqui, isso é só inicio e me dói pensar que muitos inocentes pagarão, pelos atos de um deputado que deveria estar preso, mas está mandando na nação. 
        Meu peito arde em ver mais uma vez tão forte a desigualdade. Mas por outro lado me sinto feliz por saber que realmente um filho do Brasil não foge a luta, mas a luta seria muito mais bonita se fossemos juntos, de mãos dadas, acabar com quem quer acabar com a gente. 
        Então parei, e enquanto observava o muro, uma lágrima escorreu pela minha terra amada, que sofreu tantas injustiças nas mãos europeias, desde a chegada  dos portugueses aqui. E finalmente respondi:
         - Esse muro, minha filha, significa mais uma vez a separação do nosso país, em homens e mulheres, em negros e brancos e em ricos e pobres. Eu e você minha filha, somos todos porque nosso país é nosso tanto de um lado quanto do outro do muro e não vamos fugir da nossa luta, não é? Somos vermelhas, verdes e amarelas e não só de uma cor, então devemos cuidar dos dois lados e vamos replantar o amor que aqui o planalto tem sido pisoteado. 
         - Então mamãe, ainda há chances de plantarmos flores desse lado e ela florescer do outro? 



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